Formado em Mecânica pelo SENAI, aos 16 anos, Saulo sempre gostou de máquinas. E, por muito tempo, trabalhou com carros antigos. Deles tirou boa parte das ideias de novos processos. E aos 23 anos, pegou carona com um amigo para um novo “rolê”: o Design.
Nesta época, Policarpo já era visionário, embora enxergasse mal. Além da miopia, tinha um grau elevado de astigmatismo. E, ao contrário da paixão que sentia pelos carros antigos, nunca gostou de usar óculos.
Mas a vida decidiu apontar um novo caminho e mudar Saulo de direção.
E foi aí que a história com os óculos começou.
Dos carros antigos para a Pole Position
Na faculdade de Design de Produto, na matéria “Plástico”, o professor levou um Informativo que dizia: Concurso Abióptica 2008.
E foi projetando os óculos para participar desse concurso que o Saulo da Relic conheceu o Mercado Óptico, ganhando o primeiro lugar no concurso.
E, a partir daí, os óculos passaram a ocupar as vagas dos carros antigos. Ele gostou tanto do universo óptico que o projeto de conclusão do curso de design foram óculos.
Óculos que ele enviou para o concurso da Abióptica em 2009, ficando, novamente, na pole position.
As “meninas dos olhos” da Relic
Depois disso, Saulo pisou no acelerador. Foi contratado pela Clair Mont, fábrica de óculos do norte de Minas. Ele começou na divisão de injetados da empresa, onde trabalhou por sete anos. Lá conheceu a Diane que trabalhava no setor Administrativo, e tinha muita experiência em diversos setores. Administrativo, RH, implantação de certificação. “A Daine era a razão, o planejamento, o pé no chão, e eu, a mente criativa.” declara Saulo.
E desta combinação perfeita, nasceu a Relic e a Liz Helena.
“A ideia da Relic era fazer um tipo de design que ainda não se via por aqui no Brasil, com desenhos diferentes dos tradicionais e cores ousadas. Em 2015 visitei a SILMO o que me encorajou mais ainda, vendo na feira aquilo que há tempos já queria ver aqui.” ele conta.
Recursos únicos para fazer o raro
E para começar as primeiras produções da Relic, assim como fazia para restaurar carros antigos, ele teve que fazer com as primeiras máquinas. O maquinário, quase sempre, era sucata de fábricas que haviam fechado e precisava ser reformado por inteiro.
No início o nosso atelier era em um cômodo da casa. Depois passou para a área de churrasco. E com a necessidade de mais espaço, Saulo e Diane construíram um galpão de eucalipto em um terreno da família. E moraram no barracão de fundo por dois anos. Foi apenas em 2019, 11 anos depois do primeiro prêmio na Abióptica que a Relic passou a ocupar o galpão que está hoje.
Relic em inglês é Relíquia. Remete ao raro, ao único e ao eterno. Algo preciso por definição. Segundo Saulo, o nome veio como a maioria dos nomes que surgem em um insight. E por ser Relic já nasceu raro. Além de seu desenho sempre rico em detalhes, possui numeração de série limitada, isso torna cada peça única, uma verdadeira relíquia.
Destaque para o Design Independente
Marcas independentes têm crescido no cenário óptico no mundo. E as grandes feiras mundiais vêm destacando esse fenômeno. Isto acaba por “democratizar o design de vanguarda”. Marcas emergentes não possuem os recursos publicitários das grandes marcas. Muitas vezes, o próprio dono é o designer. E ele é quem vai apresentar o produto.
Durante a EXPO ÓPTICA realizada pela Abióptica, o Espaço iHighlight proporciona uma boa visibilidade e é uma porta de entrada do design óptico de marcas independentes no Brasil. E, além de estar presente no espaço, ainda ganhar em duas categorias, para nós, da equipe Relic é uma condecoração inigualável, reforça o fundador da Relic.
Geração de alternativas
A Relic é uma marca que se orienta pela forma. “Para nós o conceito está no contorno . Nossos modelos quase sempre podem ser distinguidos pela sombra.” declara Saulo.
Antes de aprovar um determinado modelo ou coleção são feitas inúmeras possibilidades alterando detalhes a fim de encontrar a forma perfeita e equilíbrio de massas. Além disso, o conforto para o usuário e a técnica para a montagem e adaptação das lentes são premissas para a criação das armações. “É sempre um exercício de equilibrar a forma e a função. Como um bom design deve ser.” ele finaliza.
Muitas mãos para fazer o único
Saulo ainda enfatiza que, mais que feitos à mão, os óculos da Relic são feitos por pessoas. Porque, para fazer óculos em processo muito manual, tem muita gente, muitas mãos envolvidas. As peças são preparadas, cortadas, lixadas, polidas montadas, desmontadas lustradas, brilhadas (respira), gravadas, pintadas, verificadas, embaladas, e até que fiquem lindas no rosto dos nossos amados clientes, ainda passam por muito mais gente. Jesus é muito processo! Por isso é mais justo que sejam numeradas e limitadas.
E já estamos chegando ao final deste “rolê” com Saulo Policarpo, autor de mais uma história inspiradora para quem quer construir e trilhar os seus próprios caminhos no mercado óptico.
E antes de passarmos para a nossa seção “VEJO LOGO DIGO?” para fecharmos a nossa matéria de hoje, acrescento duas perguntas para o Criativo e Fundador da Relic:
Serjão Óptico: Personalização e exclusividade é o diferencial do momento ou do futuro para os óculos?
Saulo Policarpo: É para já!! A personalização de óculos já existe há algum tempo, mas a forma de se trabalhar evoluiu muito. Acredito que podemos contribuir com a melhoria desse serviço.
A Relic está prototipando o serviço de confecção de peças sob medida com alguns parceiros lojistas, utilizamos mostruário de acetato e lentes Zeiss que ficam na loja. Enviamos desenhos renderizados sobre a foto do cliente para aprovação, mas a maior novidade é que utilizamos scanner 3D para captação da face do cliente quando necessário. Estamos gostando muito dos resultados
Serjão Óptico: Quais os conselhos para quem quer empreender no mercado óptico?
Saulo Policarpo: Primeiramente eu daria as boas-vindas porque o mercado é fervoroso e sedento por novidades! São várias as áreas de atuação. Fornecimento de lentes, lojas óticas, laboratórios, marcas independentes, atelier para fazer sob medida, butiques de roupas e por aí vai? Mas é necessário conhecimento técnico, conhecer a importância que o produto Óculos tem na saúde das pessoas. Existem muitos cursos para quem quer ingressar na área e é importante investir nesse conhecimento.
“VEJO LOGO DIGO” por Saulo Policarpo da RELIC
Óculos são? Feitos para que o mundo nos veja melhor.
Os óculos vão muito além de um instrumento de melhoria da saúde. Eles são capazes de traduzir a nossa personalidade de forma inigualável. Eles ficam à frente da “Janela da Alma?. Quer maior importância que isso?
Na minha visão? o Mercado Óptico Brasileiro é um mar de oportunidades para o “Feito no Brasil”
O olhar deve estar sempre atento às? mudanças nos hábitos de consumo das pessoas .
A Ótica do futuro vai? prestigiar o feito sob medida.
Pelas minhas lentes vejo? o design óptico Brasileiro sendo reverenciado no mundo.
Fonte:
SerjãOÓptico